Prepotência, arrogância ou excesso de confiança?
- Rafael Ferreira

- 31 de out.
- 6 min de leitura
Quantas vezes você deixou de compartilhar o que sabe por medo de parecer arrogante? Quantas oportunidades de ensinar, liderar ou simplesmente expressar sua opinião você desperdiçou porque alguém, em algum momento, te rotulou de prepotente?
Se você é gestor, executivo ou lidera pessoas, já deve ter passado por isso. E provavelmente já se autocensurou mais vezes do que gostaria de admitir. Hoje vamos desmontar essa armadilha mental. Porque o problema não está em você — está na confusão conceitual que bloqueia profissionais competentes de exercerem sua autoridade com clareza.
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O que você pensa de si mesmo vs. o que os outros pensam de você
Antes de entrarmos nos conceitos, precisamos separar duas dimensões fundamentais: seu autojulgamento e o julgamento alheio.
Na Mentoria RKL2, trabalhamos com uma premissa clara: o que os outros pensam de você não importa. Não porque sejamos insensíveis, mas porque o que alguém pensa sobre você reflete muito mais o que essa pessoa pensa sobre ela mesma do que qualquer realidade objetiva sobre você.
Quando alguém te julga, está projetando suas próprias inseguranças, frustrações e valores. O julgamento diz respeito ao mundo interno do julgador — não ao seu. O que importa, de fato, é sua autoavaliação a partir dos seus valores. É você quem define quem você é e para onde vai. Dito isso, vamos aos conceitos.
Prepotência: quando você julga antes dos fatos
Prepotência não é um palavrão. É apenas a descrição de um comportamento: colocar potência antes de conhecer o total dos fatos.
Veja bem: ser prepotente não é necessariamente ruim. É uma qualificação de potência prévia — quase uma tradução literal do termo. Exemplo prático: você nunca jogou tênis na vida. Marca sua primeira aula e já imagina que vai sacar forte e acertar a maioria dos lances. Isso é prepotência. Você está julgando que terá facilidade em executar algo antes de executar propriamente dito.
O problema da prepotência não está no conceito em si, mas em como você a utiliza!
A prepotência estratégica vs. a prepotência ignorante
Existem dois tipos de prepotência:
1. Prepotência como gatilho motivacional: Você usa a sua autoconfiança para gerar engajamento e motivação, mas conhece as reais dificuldades e os passos para execução. É uma ferramenta consciente. Você sabe que a tarefa é complexa, mas escolhe adotar uma postura de confiança para não se paralisar antes de começar. Não há risco não calculados aqui — há estratégia.
2. Prepotência como soberba: Você se acha superior a ponto de desconsiderar a complexidade das coisas. Não é autoconfiança — é ignorância. Você assume riscos indevidos porque subestimou a dificuldade. Essa sim é prejudicial, porque ignora os fatos.
O interessante é que a prepotência não diz respeito sobre outra pessoa, mas sim sobre a situação. Você pode ser prepotente sozinho, diante de uma parede de escalada ou de um projeto complexo. Você olha mais para si mesmo do que para a situação — e tira conclusões prematuras.
E é exatamente aqui que mora a diferença fundamental entre prepotência e arrogância.
Arrogância: quando envolve uma segunda pessoa
Diferente da prepotência, arrogância exige, obrigatoriamente, uma segunda pessoa.
Arrogância é, por natureza, um atributo de comparação entre duas pessoas. E aqui está o ponto-chave: a verdadeira arrogância só pode ser atribuída por quem está praticando o ato.
Isso significa que ninguém pode te qualificar de arrogante — porque essa pessoa nunca sabe exatamente qual é a sua verdadeira intenção.
O que acontece quando alguém te chama de arrogante?
Imagine a cena: Você chega em um grupo de colegas e diz, com convicção: "Sei que o dólar vai cair." Até aqui, seria impossível atribuir arrogância. Você pode ser, no máximo, prepotente — mas ninguém pode afirmar isso com certeza, só você.
Agora, uma outra pessoa, ouve e pensa: "Que pessoa arrogante."
O que essa segunda pessoa está fazendo? Ele está revelando sua própria frustração. Essa pessoa se sentiu ofuscada pela sua autoconfiança. Talvez não saiba o que você sabe. Talvez se incomode com a autoconfiança alheia. Talvez se sinta inferior.
Quem chama outra pessoa de arrogante está, na verdade, expondo sua própria falta de autoconfiança.
A pessoa assume uma posição de inferioridade, sente-se mal e, para sair dessa situação desconfortável, ataca. Rebaixa o outro. A culpa é do outro — não dela.
Quando a arrogância é real?
Vamos a outro exemplo.
Vitor está falando sobre o dólar. Rafael o interrompe: "Você não sabe o que está falando. Você está errado. Eu sei o que vai acontecer."
Essa é arrogância. Rafael pode até estar certo. Vitor pode até estar errado. Mas ao se colocar imediatamente em posição de superioridade contra outra pessoa sem avaliar os fatos, Rafael está sendo arrogante.
Agora, se Rafael ouviu todos os argumentos de Vitor, verificou que estavam equivocados e corrigiu com base em dados, isso não seria arrogância — seria, no máximo, falta de educação, pela forma como ele se comunicou.
A questão é: arrogância diz mais sobre quem está atribuindo essa qualidade do que sobre quem está falando.
O bloqueio que impede você de ensinar
Muitas pessoas ficam travadas. Param de ensinar. Param de falar. Param de liderar.
Por quê? Porque um dia tentaram explicar algo para alguém que tinha problemas de autoconfiança. Essa pessoa, ao se sentir inferior, entrou em modo de ataque. E o ataque foi direto: "Você é arrogante."
A acusação machuca. A pessoa internaliza. E para. Aqui está o que você precisa entender: se você não se comparar aos outros, se não falar com o intuito de diminuir ou humilhar ninguém, você nunca será arrogante.
Você estará apenas vivendo sua vida. Compartilhando seu conhecimento. Exercendo sua experiência. Quem te chamar de arrogante estará revelando seu próprio problema de autoconfiança — não o seu.
E o excesso de confiança?
Autoconfiança é simples: confiar em si mesmo. Quando você confia, tem autoconfiança. Quando não confia, não tem. Mas e o "excesso de confiança"?
Bom, para mim, essa é uma expressão vazia. Confiar em si mesmo significa acreditar que você é capaz ou que sabe de algo. O que seria excesso disso? Acreditar em si mesmo sem razões para isso?
Exemplo: nunca joguei tênis, não tenho desenvoltura em esportes, mas acho que serei o melhor da turma na primeira semana. Excesso de confiança? Sim, mas perceba, isso é apenas prepotência em sua forma negativa. Confiança sem base real.
Agora, se você já jogou outros esportes, tem habilidades naturais, desenvoltura e tempo para se dedicar, acreditar que pode estar entre os melhores da turma não é excesso — é apenas autoconfiança baseada em dados e fatos.
Conclusão: excesso de confiança = prepotência negativa.
Onde eu quero chegar com tudo isso
Quero ajudar você a se desbloquear. Desbloquear do medo de falar em público. Do medo de manifestar opiniões. Do medo de ensinar porque podem te julgar prepotente ou arrogante.
Aqui está o que você precisa internalizar:
1. Não importa a avaliação que os outros fazem de você. O que importa é sua própria leitura sobre si mesmo, baseada nos seus valores.
2. Se você acredita em si e tem razões para isso, a prepotência pode ser sua aliada. Use-a como gatilho motivacional. Não como escudo para ignorar a realidade.
3. Se você não tem a intenção de rebaixar, humilhar ou expor as fragilidades dos outros, é impossível ser arrogante. Fale. Dê suas opiniões. Ensine sem medo e tenha cuidado com as pessoas que te chamarem de arrogante, é possível que elas não queiram de fato contribuir com seu crescimento.
4. Quem te chamar de arrogante estará revelando sua própria falta de autoconfiança e autoestima. Não é sobre você. É sobre a insegurança do outro.
E ai? Esse artigo te trouxe alguma clareza? Construir essa clareza sobre quem você é, o que você vale e para onde vai é o trabalho central que fazemos na RKL2 Mentoria. Com técnicas práticas e ferramentas objetivas, ajudamos cada mentorado(a) a desenvolver autoconhecimento real — aquele que sustenta decisões sólidas, liderança autêntica e confiança legítima.
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